Campanhas

Natal sem fome

Diante da pandemia da fome que se alastrou por milhões de lares brasileiros, gostaríamos de anunciar a campanha nacional Por um Natal Sem Fome, iniciativa em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que organizará a distribuição de cestas básicas neste fim de ano, com alimentos saudáveis suficientes para um mês em uma família composta por quatro membros.

Serão alimentos produzidos nas áreas de reforma agrária (assentamentos e acampamentos) e da agricultura familiar.
O custo de cada cesta é de R$ 300. A contrapartida do Instituto Cultivar e do MST serão despesas de transporte para a distribuição das cestas às comunidades carentes, pessoas em situação de rua, cozinhas comunitárias nas periferias, ocupações urbanas, famílias desempregadas e comunidades indígenas.

Nossa campanha de solidariedade buscar ir além da doação de apenas uma marmita por pessoa, para garantir alimentos para um mês para cada família em situação vulnerável atendida.
Atualmente em torno de 20 milhões de pessoas passam fome e cerca de 50% da população vive com algum grau de insegurança alimentar no Brasil. Esse contexto se agrava diariamente a partir das ações do governo federal e sua política genocida, afundando o país em uma crise econômica com inflação galopante e aproximadamente 14 milhões de desempregados.
Como campanha nacional, priorizaremos Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, que passam por grandes necessidades. Nas demais capitais e periferias continuaremos a fortalecer nossas campanhas locais.
Acreditamos que essa iniciativa levará esperança para nosso povo e mostre que é possível (e urgente!) mudarmos o país.
Nossa proposta é incluir um livro em cada cesta básica, para promover a leitura nestes territórios.
Contamos com a tua contribuição! E nos ajude a divulgar esta importante ação da sociedade civil no combate à fome!!

Para realizar a doação, seguem abaixo os nossos dados:
Caixa Econômica
AG: 1231
CC: 2260-1
CNPJ: 11.586.301/0001-65
PIX: campanha@institutocultivar.org.br

Plantio de árvores

Em face do agravamento da devastação ambiental e do alarmante aumento das desigualdades e da fome que ameaçam o Brasil atualmente, a população dos acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária lançou o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” em janeiro de 2020, com foco na restauração ecológica de áreas degradadas. Com o intuito de promover o reflorestamento e implementar agroflorestas em todos os grandes biomas do país, o Plano Nacional pretende plantar 100 milhões de árvores em dez anos, a partir da mobilização de milhares de famílias acampadas e assentadas junto à sociedade civil. Isso por sua vez contribuirá diretamente para a produção de alimentos saudáveis em equilíbrio com a natureza, ressaltando a importância da soberania alimentar para toda a população.

O Instituto Cultivar está comprometido com a iniciativa ao participar ativamente deste Plano Nacional, uma vez que seu trabalho é focado principalmente na Reforma Agrária e na preservação do meio ambiente. Com isso, a entidade compreende que os avanços nestas questões beneficiam não só a população do campo, mas a sociedade como um todo, inclusive a população urbana.

As ações realizadas através do Plano Nacional se orientam a partir do princípio do trabalho e estudo coletivos, com a realização de atividades de formação, oficinas, mutirões de plantio e campanhas (em caráter presencial para atividades locais e em formato virtual para aquelas de âmbito regional e/ou nacional). Entre as atividades realizadas estão as coletas de sementes, construção de viveiros comunitários de mudas e de casas de sementes, plantio de árvores nativas e frutíferas, doações solidárias de mudas, assim como outras ações de conscientização e mobilização para que as áreas de Reforma Agrária Popular mantenham seus biomas nativos vivos, recuperados e preservados.

Organizam-se ainda ações nacionais do Plano, chamadas de Jornadas, onde são realizados muitos plantios simultaneamente em todo o país, como aqueles organizados pela juventude, pelas crianças, pelas mulheres e população LGBTI+. Também ocorrem em datas simbólicas, como é o caso da Semana do Meio Ambiente e do Dia da Árvore, assim como é estimulada a criação de áreas de preservação permanente, como foi o exemplo das centenas de homenagens ao centenário de Paulo Freire em 2021, em que novos bosques ganharam o nome do patrono da educação no Brasil. Esse cerne educativo do Plano Nacional pode ser conferido nos diversos debates sobre Reforma Agrária Popular e agroecologia ao longo destas jornadas, que tornam-se fundamentais na sensibilização da sociedade.

Atualmente o Plano Nacional promove a recém lançada Rede de Viveiros Populares, com a proposta de implementar viveiros comunitários em cem áreas da Reforma Agrária Popular. Os viveiros têm capacidade produtiva diversa, sendo alguns menores e localizados nos próprios quintais familiares, e outros de médio porte, com capacidade anual de 500 mil mudas por ano. Presentes em todas as grandes regiões do país, estes viveiros têm como objetivo fortalecer o reflorestamento dos biomas nativos e estimular a produção agroecológica de alimentos saudáveis para toda a população.

Ações de solidariedade

A desigualdade social é uma realidade histórica do Brasil, fruto da concentração fundiária e de renda que marcam o seu desenvolvimento econômico. Nos últimos anos os níveis de desigualdade se ampliaram de modo vertiginoso, como resultado da crise econômica somada ao projeto político neoliberal levado a cabo no país, que sucateou os serviços e políticas públicas e privilegiou a privatização de setores estratégicos.

Este contexto se intensificou com a pandemia, levando milhões de brasileiros a conviver diariamente com a fome, a insegurança alimentar e o desemprego. Em contraponto, as famílias das áreas de Reforma Agrária se empenham em defender a vida e combater a fome, assim como proteger e recuperar o meio ambiente, resultado do acúmulo de suas experiências e do desenvolvimento de sua autoorganização.

Para as famílias das áreas de Reforma Agrária a solidariedade é um princípio e uma prática permanentes. No cenário de agravamento da crise econômica, socioambiental e sanitária, esta solidariedade tem sua expressão concreta em ações realizadas junto à população das cidades, através do trabalho em redes da sociedade civil.

Para superar os limites das ações espontâneas, pontuais e localizadas, organizam-se frentes de trabalho voltadas para doações, trabalho em mutirão, implantação de hortas urbanas, atendimento popular em saúde, conscientização sobre cuidados sanitários, intercâmbios de experiências, oficinas de capacitação, entre outras atividades. É muito importante destacar a capacidade de articulação e de mobilização das famílias das áreas de Reforma Agrária, que garante que as ações de solidariedade aconteçam na realidade onde estão as pessoas que delas precisam, com agilidade e continuidade.

O Instituto Cultivar trabalha desde 2009 com projetos de apoio ao desenvolvimento sustentável do campo, nos mais diversos âmbitos de atuação social, cultural e ambiental. Para isso, tem a solidariedade como um valor fundamental na busca de uma sociedade justa, participando ativamente de iniciativas na defesa de direitos, especialmente das populações mais vulneráveis. Compreende-se assim que solidariedade e esperança caminham unidas e são a razão de todos estes anos de trabalho conjunto com os movimentos sociais e organizações populares.